Desglobalização: para aonde o mundo vai?
Há anos temos visto um movimento intenso de integração de cadeias produtivas, novas formas de investir em mão de obra barata e a constituição e ampliação de mercados consumidores.
Desde os anos 90, em cada comercial na TV, propaganda de produtos e vitrines das lojas, a atmosfera promovida pela globalização parecia ser inevitável.
Os grandes conglomerados pareciam o destino final do processo econômico que condensava legislações favoráveis em uma ponta do planeta, com a mão de obra racionalizada até o mais primário extrato na outra ponta.
Transporte Aquaviário; tem efeito na desglobalização
Ao nos debruçarmos sobre as grandes chaves da globalização. O transporte marítimo é um grande responsável por esse processo de modernização. A ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) informou que durante o ano passado, 1,214 bilhão de toneladas em cargas foram transportadas entre os portos do país. Públicos e privados.
Portos do país
O grande volume de exportações e importações que ocorreu se deve a granel líquido, granel sólido, contêineres e cargas gerais. Em 2019, o número foi de 1,104 bilhão de toneladas em cargas.
Nesse volume de transações, a China é a maior responsável. O crescimento chinês demandou 51% de todas nossas exportações. Nosso maior parceiro comercial. No âmbito das importações, EUA responde por 24%, China 11%, Rúsia 7% e Argentina 6%.
Ranking dos portos públicos
A movimentação de cargas nos portos públicos tem três grandes representantes. Paranaguá, no Paraná, em terceiro lugar com 51,6 milhões de toneladas. Itaguaí, no Rio de Janeiro, com 51,7 milhões de toneladas e o primeiro porto, Santos, em São Paulo, com 113,3 milhões de toneladas.
Ranking dos portos privados
Angra dos Reis (3º), no Rio de Janeiro, movimentou 64,1 milhões de toneladas, Tubarão, no Espírito Santo, foi responsável por 64,1 milhões de toneladas em cargas e o porto com maior movimentação, o porto Ponta da Madeira, no Maranhão com 182,4 milhões de toneladas.
As movimentações são projetadas com alta de 2,4% para este ano. No primeiro semestre, houve queda de 6,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os números de exportação do Brasil para minério de ferro tendo a China como destino, ficaram em 64% em 2021.
A balança comercial superavitária designa o saldo positivo de transações no transporte marítimo. Esse segmento atingiu US$ 32,12 bilhões no primeiro semestre deste ano.
Movimento de desglobalização
Segundo Welber Barral, sócio da BMJ Consultores e ex-secretário de comércio exterior, por óbvio, após a divulgação de Wuhan como o epicentro da pandemia, a notícia e o processo que se seguiu bagunçou cadeias de produção e cadeias logísticas no mundo inteiro. Justamente por causa da integração em grande escala.
Welber traz alguns conceitos técnicos sobre esse movimento de reavaliação do que pode ser feito, o Nearshoring e Reshoring são processos que trazem a produção industrial para países vizinhos e para o próprio território.
São ferramentas às mãos dos empresários que pensam em mudar o rumo de seus investimentos e produção. Welber também fala sobre o Friendly Shoring, quando se fornece a produção em países vizinhos. Algo que pode ser usado nesse contexto de conflitos internacionais e crise dos preços de produtos que afetam diversos países ao mesmo tempo.
Segundo Larissa Wachholz, especialista sênior do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), é necessário que o Brasil permaneça aberto a relações comerciais e não exclua regiões específicas. Larissa afirma, ainda, que o país deve fortalecer sua indústria
Indústria brasileira
Em 2022, a produção tem evoluído, embora, não tenha ainda se recuperado totalmente. Em janeiro, a queda foi de –1,9%. Fevereiro teve alta de 0,7%, março 0,6%, abril com 0,2% e maio com 0,3%. Ou seja, não é um crescimento sustentado.
Em comparação com fevereiro de 2020, a queda é de 1,1%.
Segmentos da indústria
O setor de produção de móveis teve queda de 21,8% no acumulado do ano, segundo IBGE. As montadoras de carros, 7,6%. Por outro lado, a produção de alimentos, uma das mais relevantes para o Brasil, tem ficado no mesmo patamar de 2021.
Enquanto isso, o segmento de petróleo e biocombustíveis teve alta de 10,6%.
Participação da indústria no PIB no contexto da desglobalização
Segundo dados do CNI, em 1985, a instituição correspondia a 48% do PIB. Em 1996, 41,6%. Em 2004, a queda chegou em 28,6%. No ano da pandemia, 2020, atingiu o menor patamar de em mais de 70 anos. E teve leve recuperação em 2021, chegando a 22,2%.
O emprego também é algo estritamente ligado à industria, e, portanto, à globalização. Mais crescimento significa mais trabalho, o crescimento de postos de trabalho foi de 1,3 milhão no primeiro semestre de 2022, segundo CAGED.
Entregadores
Ao falar sobre trabalho e contemporaneidade, os entregadores aparecem como um assunto relevante. Em alguns países, como a Espanha, o trabalho dos entregadores foi regulamentado em junho de 2021.
Aqui isso ainda é uma grande questão. Segundo pesquisa de universidades federais como a UNICAMP, UNIFESP, UFJF e UFPR em parceria com o Ministério Público do Trabalho, a média da jornada de trabalho de quem entregava como profissão era de 9 horas diárias, e a média salarial era de R$ 520 por semana.
Saiba mais:https://boasideias.com.br/banco-central-divulga-alta-de-069-no-ibc-br/
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