Resultado das eleições 2022
O resultado dessas eleições impõe uma necessidade fundamental, a revisão dos métodos de análise e cálculos amostrais por parte dos institutos de pesquisa. Esta é a primeira constatação óbvia, que está presente também, na percepção de que o país continua divido, embora algumas votações tenham sido acirradas ensejando um segundo turno para alguns cargos. Governo de São Paulo, por exemplo.
O pleito para a presidência mostrou-se mais acirrado do que as pesquisas vinham indicando, com 100% das urnas apuradas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até então líder nas pesquisas, teve 48,43% dos votos válidos e Bolsonaro alcançou 43,20%.
O segundo turno tem, portanto, a marca de maior engajamento até sua definição. Um passo importante para consolidar a vitória de Lula está no apoio público de quem participou da corrida presidencial apenas para marcar posição partidária e, quem sabe, maior desempenho em 2026. É o caso de Simone Tebet (MDB) que acabou angariando mais votos que seu oponente direto, Ciro Gomes (PDT).
Simone Tebet alcançou 4,16%, com 4.915.306 dos votos válidos. Enquanto Ciro Gomes teve 3,04%, o que representa 3.599.201 votos.
Processo de apuração
Após o término do tempo estipulado para registro do voto, às 17 horas, a apuração das urnas começou na região Sul do país, como ocorre historicamente.
O começo da apuração indicava Bolsonaro com vantagem em relação à Lula. Conforme as apurações de estados do Sul terminavam, e as regiões Nordeste e Norte do país passavam a contabilizar o resultado de suas seções eleitorais, o petista acelerava equilibrando a votação. Isto ocorreu, porque o atual mandatário já vinha demonstrando maior apoio nas regiões Sul e Sudeste, além do Centro-Oeste ser um grande reduto eleitoral de apoio ao presidente.
O PT, que perdeu inúmeros locais que historicamente votavam no partido, conseguiu definir a retomada de 226 redutos que haviam abandonado a sigla em 2018.
Resultado em regiões com histórico de votação hegemônica
Segundo levantamento da Folha de SP, um dado que ilustra de forma didática esse movimento, é que das sete capitais onde, historicamente, o PT possuía hegemonia, nas eleições de 2018 optaram por votar em Bolsonaro. Essas capitais estão na região Norte. Jair havia angariado Belém, João Pessoa, Manaus, Natal, Porto Velho e Macapá.
Nessa eleição de 2022, João Pessoa, Natal, Fortaleza e Belém retornaram e escolheram Lula.
Em São Paulo, embora Bolsonaro tenha apresentado – proporcionalmente – desempenho melhor, o PT retomou 20 dos 27 redutos que havia perdido em 2018.
Possível estratégia de apoio para o segundo turno
Com a disputa no segundo turno cada vez mais acirrada, o que determinará grande parte do apoio que pode definir a vitória do petista, está em quanto Lula está disposto a se deslocar ao centro. Simone Tebet, que teve um bom desempenho no pleito, disse que seu partido se reunirá até quarta-feira para definir quem apoiará no segundo turno.
As tratativas concorrem por apoio aos governadores desses partidos que também disputarão um segundo turno. Um exemplo é a possibilidade do PT apoiar Eduardo Leite no Rio Grande do Sul em troca do apoio de Rodrigo Garcia em São Paulo.
Segundo coluna do Celso Rocha de Barros, na Folha, as concessões perseguidas também estarão no campo econômico, e impõe dúvidas sobre o quanto dessas pautas de centro Lula estaria disposto a absorver e integrar em seu plano de governo.
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