O assédio moral, abuso de poder e agressão física representam uma triste realidade no ambiente de trabalho brasileiro, compondo 45% das denúncias em empresas, segundo pesquisa da IAUDIT, especializada em canais de denúncias e compliance.
Tipos de assédio mais praticados e denunciados dentro das empresas
Os mais praticados e denunciados no ambiente empresarial, em ordem de prevalência, são:
1. Moral:
– Vertical descendente: praticado por superior hierárquico contra subordinado. Exemplos: humilhação em público, cobranças excessivas, sabotagem do trabalho, isolamento do profissional.
– Vertical ascendente: praticado por subordinado contra superior hierárquico. Exemplos: sabotagem do trabalho, ameaças, chantagem.
– Horizontal: praticado entre colegas de mesmo nível hierárquico. Exemplos: difamação, fofocas, xingamentos, isolamento social.
2. Sexual:
Existem três tipos de conduta, sendo:
– Verbal: cantadas, insinuações sexuais, piadas de cunho sexual, comentários degradantes sobre a vida sexual da vítima.
– Física: toques inapropriados, beijos forçados, agressões físicas de natureza sexual.
– Não verbal: olhares insistentes, gestos obscenos, exibição de pornografia.
3. Psicológico:
– Assédio moral: descrito acima.
– Bullying: intimidação, humilhação, deboche, apelidos pejorativos, exclusão social.
– Cyberbullying: uso de meios eletrônicos (e-mail, redes sociais, mensagens instantâneas) para intimidar, humilhar ou difamar a vítima.
4. Discriminatório:
– Racismo: discriminação por raça, cor da pele, etnia ou origem nacional.
– Sexismo: discriminação por sexo, gênero ou orientação sexual.
– Homofobia: discriminação por orientação sexual.
– Gordofobia: discriminação por peso ou forma corporal.
– Etárismo: discriminação por idade.
– Religião: discriminação por crença ou fé.
5. Sexual por chantagem:
– Solicitação de favores sexuais em troca de benefícios no trabalho.
– Ameaça de prejudicar a vítima caso ela não ceda a seus desejos sexuais.
6. Sexual por constrangimento:
– Criação de um ambiente de trabalho hostil e humilhante para a vítima.
– Exposição da vítima a situações constrangedoras de natureza sexual.
7. Microagressões:
Comentários ou comportamentos sutis, mas frequentes, que discriminam ou marginalizam um indivíduo. Um exemplo, são os comentários sobre a aparência da vítima, piadas de cunho sexual, exclusão social.
Impacto negativo do assédio nas empresas
O impacto negativo dessa realidade é significativo. É importante ressaltar que qualquer tipo de assédio é inaceitável e pode ter graves consequências para a vítima, com o: estresse, ansiedade, depressão, baixa autoestima, isolamento social, dificuldades no trabalho e problemas de saúde física
Para os trabalhadores:
– Saúde mental abalada: estresse, ansiedade, depressão, baixa autoestima.
– Dificuldades no trabalho: perda de produtividade, absenteísmo, turnover.
– Prejuízos sociais: isolamento, exclusão, sofrimento.
Para as empresas:
– Ambiente de trabalho hostil e tóxico.
– Perda de talentos e produtividade.
– Danos à imagem e reputação.
– Custos legais e trabalhistas.
Como combater o problema do assédio nas empresas?
Para combater esse problema, é fundamental:
1. Conscientização:
– Treinamentos e campanhas para informar sobre os tipos, seus impactos e como denunciar.
– Criação de uma cultura de respeito e tolerância zero para qualquer tipo de comportamento abusivo.
2. Canais de denúncia seguros e eficazes:
– Ouvidoria interna, canal online, telefone, etc.
– Garantia de anonimato e confidencialidade para as vítimas.
– Investigação rigorosa e imparcial das denúncias.
– Aplicação de medidas disciplinares cabíveis aos assediadores.
3. Fortalecimento da CIPA e do sindicato:
– Capacitação para lidar com casos de assédio.
– Atuação na prevenção e no combate ao problema.
– Apoio às vítimas.
4. Ampliação do debate:
– Discussão sobre o tema na sociedade e no meio empresarial.
– Busca por soluções conjuntas entre empresas, governo e sociedade civil.
Denúncias de assédio por setores nas empresas
É importante saber que a vítima não está sozinha. Denunciar é o primeiro passo para construir um ambiente de trabalho mais justo e seguro.
Por outro lado, as empresas têm a responsabilidade de garantir um ambiente de trabalho livre de qualquer tipo de assédio. E a sociedade civil precisa se mobilizar para pressionar por mudanças e soluções.
Dados sobre assédio por setores nas empresas
Os dados sobre denúncias de assédio por setores nas empresas ainda são escassos e fragmentados no Brasil.
É importante ressaltar que esses dados não representam a totalidade dos casos de assédio nas empresas, pois existem muitas subnotificação, por conta de medo de represálias, falta de canais de denúncia eficazes, desconhecimento da lei e cultura de tolerância.
No entanto, algumas pesquisas e estudos começam a traçar um panorama das áreas mais afetadas por esse problema:
1. Comércio e Serviços:
– 49,29% das denúncias de assédio moral, abuso de poder e agressão física segundo pesquisa da IAUDIT.
– Setor com maior número de trabalhadores no Brasil, o que pode explicar a alta incidência de casos.
Características que podem contribuir para o assédio:
– Alta rotatividade de funcionários.
– Precarização do trabalho.
– Cultura organizacional hierárquica.
2. Tecnologia da Informação (TI):
– 46,51% das denúncias de assédio moral, abuso de poder e agressão física segundo a IAUDIT.
– Setor conhecido por sua cultura competitiva e exigente.
– Fatores que podem contribuir para o assédio:
– Longas jornadas de trabalho.
– Estresse elevado.
– Falta de reconhecimento.
– Discriminação de gênero e raça.
3. Saúde:
– 41,78% das denúncias de assédio moral, abuso de poder e agressão física segundo a IAUDIT.
– Setor com alto índice de profissionais em contato direto com pacientes e familiares, o que pode gerar situações de estresse e conflito.
– Fatores que podem contribui:
- Sobrecarga de trabalho.
- Falta de recursos humanos e materiais.
- Violência verbal e física por parte de pacientes.
4. Outros setores:
– Indústria: 5,54% das denúncias de assédio sexual segundo a IAUDIT.
– Instituições financeiras: 84,13% das denúncias de outros desvios de conduta segundo a IAUDIT.
Como combater o assédio no trabalho?
Combater o assédio no trabalho exige um esforço conjunto de toda a sociedade: Denunciar é o primeiro passo para acabar com o assédio no ambiente de trabalho. Se a pessoa está sendo vítima de assédio no ambiente de trabalho, é importante denunciar o caso para Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), Sindicato, Ministério Público do Trabalho, Delegacia de Polícia e Ouvidoria da empresa
– Empresas: criar políticas de prevenção e combate ao assédio, investir em treinamentos e canais de denúncia seguros.
– Governo: fortalecer a legislação e fiscalizar o cumprimento das leis.
– Sociedade civil: conscientizar a população sobre o problema e promover a cultura de respeito.
Canais de denúncias para quem sofre assédio nas empresas
Denunciar é o primeiro passo para acabar com o assédio no ambiente de trabalho. A vítima não precisa enfrentar isso sozinho. Há muitas pessoas que podem te ajudar. A empresa tem a responsabilidade de garantir um ambiente de trabalho livre de assédio. Vários canais de denúncia estão disponíveis para ajudar às vítimas
1. Canais internos:
– Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): presente em empresas com mais de 20 funcionários, a CIPA é composta por representantes dos trabalhadores e da empresa. A CIPA tem o dever de receber e encaminhar denúncias de assédio.
– Ouvidoria da empresa: muitas empresas possuem ouvidorias internas para receber denúncias de irregularidades, inclusive de assédio.
– Canal de denúncias online: algumas empresas possuem canais online específicos para denúncias de assédio.
2. Canais externos:
– Ministério Público do Trabalho (MPT): o MPT é o órgão responsável por investigar e punir empresas que praticam assédio contra seus funcionários. Você pode fazer uma denúncia online no site do MPT: https://mpt.com.mm/en/.
– Delegacia de Polícia: a vítima também pode registrar um boletim de ocorrência na delegacia de polícia.
– Sindicato: se for sindicalizado, o sindicato pode sjudar a fazer a denúncia e orientar sobre os direitos.
– Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS): os CREAS oferecem atendimento especializado para vítimas de violência, inclusive de assédio no trabalho.
Dicas para fazer a denúncia sobre assédio
– Reunião de provas: e-mails, mensagens, fotos, vídeos, testemunhas, etc.
– Relato do acontecido: descrever o tipo, quem o praticou, quando e onde aconteceu.
– Guarda de documentos: guardar cópias de todas as provas que tiver.
– Não ter medo: à vítima tem que ter ciência que a lei a protege.
Maiores informações
– Cartilha sobre Assédio Moral no Trabalho: https://www.tst.jus.br/documents/10157/55951/Cartilha+ass%C3%A9dio+moral/573490e3-a2dd-a598-d2a7-6d492e4b2457
– Cartilha sobre Assédio Sexual no Trabalho: https://www.gov.br/mdr/pt-br/acesso-a-informacao/governanca/programa-integridade/campanhas/Cartilha_Informativa_sobre_Assedio_Sexual.pdf
– Lei do Assédio Sexual: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/07/04/lei-insere-punicao-por-assedio-sexual-ou-moral-no-estatuto-da-advocacia
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