Com a alta dos preços dos produtos e alimentos diante de uma inflação que supera a marca de 10% há meses, o brasileiro tem buscado alternativas para fazer as compras dos itens básicos do mês. Muitas pessoas, principalmente as de baixa renda, têm optado por ir ao mercado no começo do mês para fazer o dinheiro render melhor.
A estratégia adotada possibilita que o brasileiro aproveite o período em que está com dinheiro na conta (geralmente no começo do mês ou após o quinto dia útil) para comprar os itens básicos para sobrevivência, deixando supérfluos e aquisições sem maior importância para um segundo momento.
Período da hiperinflação
O cenário se assemelha ao período de hiperinflação vivido nos anos 80 no Brasil. As pessoas têm esperado o salário cair para ir ao mercado de imediato. Enquanto a prioridade tem sido o básico, as compras menos importantes estão aguardando um pouco mais. O brasileiro está aproveitando promoções e queimas de estoque de meio e fim de mês para comprar o que faltou.
Para adotarem essa estratégia, as pessoas estão usando ferramentas e aplicativos de internet para pesquisar preços mais baixos. Além disso, foi feito uma pesquisa do Consumer Insights, junto com a consultoria de varejo Kantar, mostrando que o interesse pelo e-commerce aumentou, e o consumidor tem usado bastante o celular em frente às gôndolas.
Produtos caros
Todavia, não são apenas produtos básicos, marca do produto também está pesando na hora das compras. Uma pesquisa, também realizada pela Kantar, mostra que 63% das pessoas levam somente os produtos que haviam se programado anteriormente para comprar. Pessoas que aproveitam promoções representam 46% do total, e 24% das pessoas entrevistadas trocaram a marca do produto por uma mais barata, fugindo dos preços mais altos e usando o valor restante para outras aquisições importantes.
Brasileiros mais endividados
Além das dificuldades em comprar o básico no supermercado, o brasileiro está mais endividado. Segundo dados da Serasa Experian, o Brasil atingiu, em maio, a marca de 66,6 milhões de pessoas com inadimplência na praça. Esse número é o maior do levantamento desde seu início, em 2016. O valor da dívida é de R$ 278,3 bilhões, com uma média de R$ 4.179,50 por pessoa.
Só no estado de São Paulo, o número de devedores chega a 15,6 milhões. Bancos e cartões encabeçam a lista dos que são responsáveis pelas dívidas, com 28,2% do total. Contas básicas da residência, como água, luz e gás, vêm em seguida na lista, com 22,7% das dívidas. Financeiras e o setor de varejo aparecem depois, com 12,5% cada um.
Contudo, com todo este cenário de população endividada, ganhando pouco e pagando caro, o brasileiro vai vivendo na base da estratégia, esperando até que a inflação reduza.
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